segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Game Overdose [0010/2]






Acordei novamente. Dessa vez foi pra valer. Havia sonhado dentro de um sonho. Qual a probabilidade disso ocorrer?


Geralmente, eu não sonhava com nada. E se sonhava, definitivamente não me lembrava. Mas quando finalmente sonhava, e fielmente lembrava, veja só o que ocorria: Sonhos envolvendo risadas lúgrubes regadas a corpos ensanguentados por conta dos supostos golpes de faca.

Nessas ocasiões, preferia não arriscar na tentativa de diferenciar entre pesadelo e sonho, já que a realidade era, de fato, o que mais me assustava. Quem, afinal, poderia garantir se a vida a qual estamos tão acostumados no fim não passa de um sonho? Talvez acordar seja o pesadelo. E continuamos nos enganando.

Fiz menção de levantar, quando ela montou em mim. — Surpresa! — Ela disse. — Olha só o que montei pra você. — Era a minha Taurus 380, que ela agitava no ar feito caubói dos anos 60, enquanto eu só conseguia pensar no trocadilho sobre a montaria.


— Há quanto tempo você estava aí me olhando?

— Uns cinco minutos, no máximo. Você se debatia na cama e chamava por mim. Parecia tão bom que resolvi não atrapalhar.

— Ah, sem dúvidas. Também suponho que fui até o jardim, colhi umas flores e voltei pra cá, não?

— Isso! Aquele seu velho problema com sonambulismo. Mas até que foi bonitinho.

...
(Olhar de desdém)


— Tá, a parte de chamar meu nome foi exagero. Mas a do jardim você pode ter certeza.

— Agora sim acredito, até sonhei com isso. Inclusive farei questão de ver as flores. Logo depois que terminarmos o faroeste aqui.

— Primeiro você vai ter que me prometer não dormir.

— Te garanto que até se fosse mesmo sonâmbulo eu daria conta, boneca.— Por pouco não cuspi no chão. Mas, pra não perder a piada de todo e ainda manter o fetiche, só acendi um cigarro e sorri.


Ela apontou a arma pra mim.



Click.








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